quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Às Voltas com a Memória: MARIA LURDES PINTASILGO (n. 18 Jan. 1930; m. 10 Jul. de 2004)


Maria de Lurdes Ruivo da Silva Pintasilgo nasceu na freguesia de São João, Abrantes, a 18 de Janeiro de 1930, filha de Jaime de Matos Pintasilgo (1897-1959), empresário ligado à indústria de lanifícios da Covilhã, e Amélia do Carmo Ruivo da Silva Matos Pintasilgo (1899-1982), doméstica. Foi neta paterna de Jerónimo de Matos Pintasilgo e de Bárbara Saraiva Tavares Matos, e materna de José Ruivo da Silva e de Raquel do Carmo Ruivo da Silva. Foram testemunhas e padrinhos do registo civil de Maria de Lourdes Pintasilgo um dos tios maternos, Augusto Ruivo da Silva, oficial do exército, e a avó Raquel, familiares que acompanharam muito de perto o seu crescimento e que muito a influenciaram. Cresceu numa família alargada, não cristã, agnóstica. Em 1933, nasceu o segundo filho do casal, José Manuel Matos Ruivo da Silva Pintasilgo. José Manuel enveredou pelo jornalismo. Casou com Maria dos Prazeres Rodrigues Gouveia Pintasilgo, tendo falecido em 1985, sem deixar descendentes.
Em 1937, a família de Maria de Lourdes Pintasilgo abandonou Abrantes e instalou-se em Lisboa. Maria de Lourdes Pintasilgo realizou já a instrução primária numa escola particular da Av. Almirante Reis, o Colégio Garrett. Em 1940, ingressou no Liceu D. Filipa de Lencastre. Terminou em 1947 o curso secundário como melhor aluna do liceu, por dois anos consecutivos obteve o Prémio Nacional.
Em 1953, com 23 anos, licenciou-se em Engenharia Químico-Industrial, pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa, numa época em que eram poucas as mulheres que enveredavam pela área da engenharia. Entre os 250 alunos do seu curso, apenas 3 eram mulheres. Com a opção por esta licenciatura, desejava mostrar que o desafio do mundo industrial e a novidade da técnica eram também acessíveis às mulheres.
Entre 1952 e 1956, presidiu à Juventude Universitária Católica Feminina (JUC/F). Foi co-presidente, com Adérito Sedas Nunes, do I Congresso Nacional da Juventude Universitária Católica. A projecção que, entretanto, adquiriu no interior do movimento católico português conduziu à sua eleição, por aclamação, para o cargo de presidente internacional da Pax Romana – Movimento Internacional de Estudantes Católicos (1956 e 1958). Nessa qualidade, ao longo do ano de 1957, presidiu ao I Seminário de Estudantes Africanos, no Gana, à Assembleia-Geral do movimento realizada em El Salvador. Em 1958, presidiu ao Congresso Mundial de Estudantes e Intelectuais Católicos, realizado em Viena de Áustria.
Foi a única mulher que desempenhou o cargo de primeiro-ministro em Portugal, tendo chefiado o V Governo Constitucional em funções de Julho de 1979 a Janeiro de 1980. Foi também a segunda mulher primeiro-ministro em toda a Europa, dois meses depois da tomada de posse de Margaret Thatcher.
Foi galardoada, em 07.03.1986, com o The 1986 Living Legacy Award atribuído pelo Women’s International Center, em San Diego (Califórnia). Recebeu o doutoramento “honoris causa” pela Universidade Católica de Louvaina, em 02.02.1990. Foi agraciada com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo (1980), tornando-se na primeira mulher agraciada nessa Ordem com esse grau; com a Grã-Cruz da Ordem do Infante (10.06.1994) e com a Medalha Machado de Assis pela Academia Brasileira de Letras (13.11.1997).
Faleceu a 10 de Julho de 2004, em Lisboa.

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