sexta-feira, 29 de junho de 2012

À Volta com a Economia: Itália e Espanha bloqueiam Pacto para o Crescimento



Itália e Espanha bloqueiam Pacto para o Crescimento


No encontro dos líderes dos 27, que está a decorrer em Bruxelas, os dois países querem garantir que os mecanismos europeus os protegem do acosso dos mercados.

Itália e Espanha inviabilizaram na quinta-feira à noite a aprovação do Pacto para o Crescimento e Emprego, com que a Europa pretende complementar o Tratado Orçamental aprovado no início do ano.

No encontro dos líderes dos 27 que decorre em Bruxelas e que agora se arrasta noite dentro, Roma e Madrid deixaram claro que apoiam o conteúdo do Pacto, mas só aceitam a sua viabilização caso obtenham garantias de que serão tomadas medidas de curto prazo que forcem a descida das elevadas taxas de juro que os mercados lhes exigem.

"Estamos a favor do Pacto, mas na situação actual isso não é suficiente, tem que haver uma resposta global, com uma solução para a estabilidade", explicou uma fonte diplomática espanhola. Um diplomata italiano resumiu assim a posição do seu país: "Pacto só com medidas anti-spread".

Roma e Madrid querem garantias de que o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), o mecanismo de resgate do euro, intervirá no mercado da dívida para forçar a descida das elevadas taxas de juro que lhes têm sido cobradas. E exigem uma resposta antes da reabertura dos mercados na próxima segunda-feira.

Os presidentes do Conselho Europeu, da Comissão Europeia, a chanceler alemã e os responsáveis de vários países tinham agendadas conferências de imprensa para o fim da tarde onde contavam anunciar o acordo em relação ao Pacto para o Crescimento. Posteriormente prosseguiriam a discussão em torno de um maior aprofundamento da integração económica, orçamental e política. Um debate de longo prazo defendido pela Alemanha, que no curto prazo quer ver a materialização de uma união bancária.

Mas a posição de Mario Monti e Mariano Rajoy trocou-lhes as voltas. Já passava das dez da noite em Bruxelas quando Herman Van Rompuy e Durão Barroso apareceram perante os jornalistas para anunciar os detalhes do Pacto que, afinal, ainda não está aprovado: "Acontece que dois países fazem muita questão em que haja um acordo sobre as medidas a longo prazo e sobre as medidas a curto prazo, mas a discussão não está de todo bloqueada, a discussão continua, ela continua. E é por isso que vos apresentamos este relatório nesta fase intermédia", afirmou o presidente do Conselho.

A vontade destes dois países já era conhecida dos demais parceiros, que provavelmente subestimaram a sua determinação. Antes de partir para Bruxelas Mario Monti, o chefe do governo italiano, anunciou perante o parlamento do seu país que estava disposto a discutir até segunda-feira, antes da abertura dos mercados. Hoje, ao chegar à capital belga, Mariano Rajoy afirmou que não servia de nada falar em medida de longo prazo se o seu país se encontrava numa situação em que já não se conseguia financiar.

Entretanto, apesar de formalmente ainda não ter sido aprovado, o conteúdo do Pacto para o Crescimento e Emprego é o esperado. O objectivo é mobilizar um total de 120 mil milhões de euros, através do reforço do capital do Banco Europeu de Investimento (BEI), da reafectação dos fundos estruturais não utilizados e da emissão de obrigações europeias para projectos específicos de infra-estruturas.

Fonte: Expresso ONLINE

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