quinta-feira, 26 de maio de 2011

Às Voltas com a Memória: ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA (n. 09 Abr. 1942; m. 16 Out. 1982)


ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA

Adriano Maria Correia Gomes de Oliveira, nasceu em Avintes, 9 de Abril de 1942. Foi um dos mais importantes intérpretes do fado de Coimbra. As baladas “Trova do Vento que Passa” ou “Canção com Lágrimas” são marcos da canção de intervenção. Cantou poemas de Manuel Alegre e António Gedeão. As suas músicas provam que, na arte, não basta agradar: é preciso tocar um nervo público. As suas canções de intervenção foram das mais criativas de sempre. Adriano Correia de Oliveira pertenceu ao grupo dos transgressores. Quebrou todas as regras e arriscou o próprio físico. Para ele, a música tinha uma função social: devia denunciar injustiças ou ser um repositório de emoções. Intérprete do Fado de Coimbra e músico de intervenção, foi criado no seio de uma família tradicionalista e católica, na margem esquerda do Douro, num ambiente que descreveria como «marcadamente rural, entre videiras, cães domésticos e belas alamedas arborizadas com vista para o rio». Depois de frequentar o Liceu Alexandre Herculano, no Porto, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, em 1959. Durante o período académico foi republico, na Real República Ras-Teparta, solista no Orfeon Académico, membro do Grupo Universitário de Danças e Cantares, do Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC), guitarrista no Conjunto Ligeiro da Tuna Académica e jogador de voleibol na Briosa. Na década de 1960 adere ao Partido Comunista Português, envolvendo-se nas greves académicas de 1962, contra o Salazarismo. Nesse ano foi candidato à Associação Académica de Coimbra, numa lista apoiada pelo Movimento de Unidade Democrática (MUD).
Data de 1963 o seu primeiro EP, Fados de Coimbra. Acompanhado por António Portugal e Rui Pato, o álbum continha a interpretação de Trova do vento que passa, poema de Manuel Alegre, que se tornaria uma espécie de símbolo da resistência dos estudantes à ditadura. Em 1967 gravou o álbum Adriano Correia de Oliveira, que, entre outras canções, tinha Canção com lágrimas.
Em 1966 casa-se com Matilde Leite, com quem teria dois filhos, Isabel, em 1967 e José Manuel, em 1971. Em 1967 é chamado a cumprir o Serviço Militar, ficando a uma disciplina de se formar em Direito. Em 1970 troca Coimbra por Lisboa, exercendo funções no Gabinete de Imprensa da FILFeira Industrial de Lisboa, até 1974. Ainda em 1969 sai O Canto e as Armas, onde canta de novo, vários poemas de Manuel Alegre. Nesse ano recebe o Prémio Pozal Domingues. Lança, em 1970, Cantaremos. Em 1971 é editado o disco Gente d'Aqui e de Agora, com o primeiro arranjo, como maestro, de José Calvário, e composição de José Niza. Em 1973 lança Fados de Coimbra, em disco, e funda a editora Edicta, com Carlos Vargas. Em 1974 torna-se produtor na Editora Orfeu. Em 1975 lançou Que Nunca Mais, com direcção musical de Fausto e textos de Manuel da Fonseca, com o tema Tejo que levas as águas. A revista inglesa Music Week elege-o Artista do Ano. Após o 25 de Abril de 1974, é um dos fundadores da Cooperativa Cantabril. Em 1980 lança o seu último álbum, Cantigas Portuguesas, para no ano seguinte, em ruptura com a Cantabril, ingressar na Cooperativa Era Nova.
Vítima de uma hemorragia esofágica, morreu na quinta da família, em Avintes, a 16 de Outubro de 1982  (40 anos), nos braços da mãe.

Sem comentários:

Enviar um comentário