quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Os "Pais" da SOCIOLOGIA: KARL MARX (n. 05 Mai.1818; m. 14 Mar.1883)

Karl Heinrich Marx foi o sétimo, de sete filhos de origem judaica da classe média da cidade de Tréveris, na época no Reino da Prússia, nasce a 5 de Maio de 1818. A sua mãe, Henri Pressburg (1771 – 1840), era judia holandesa e seu pai, Herschel Marx (1759 – 1834), um advogado e conselheiro de Justiça. Herschel descende de uma família de rabinos, mas converteu-se ao cristianismo luterano em função das restrições impostas à presença de membros de etnia judaica no serviço público, quando Marx ainda tinha seis anos. Seus irmãos eram Sophie (1883), Hermann (1819-1842), Henriette (1820-1856), Louise (1821-1893), Emilie (adoptado por seus pais), Caroline (1824-1847) e Eduard (1834-1837).
Foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que actuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista.
O pensamento de Marx influencia várias áreas, tais como Filosofia, História, Sociologia, Ciência Política, Antropologia, Psicologia, Economia, Comunicação, Design, Arquitectura, Geografia e outras
Em 1830, Marx iniciou seus estudos no Liceu Friedrich Wilhelm, em Tréveris, ano em que eclodiram revoluções em diversos países europeus. Ingressou mais tarde na Universidade de Bonn para estudar Direito, transferindo-se no ano seguinte para a Universidade de Berlim, onde o filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel, cuja obra exerceu grande influência sobre Marx, foi professor e reitor. Em Berlim, Marx ingressou no Clube dos Doutores, que era liderado por Bruno Bauer. Ali perdeu o interesse pelo Direito e voltou-se para a Filosofia, tendo participado activamente nos movimentos dos Jovens Hegelianos. O seu pai faleceu neste mesmo ano. Em 1841, obteve o título de doutor em Filosofia com uma tese sobre as "Diferenças da filosofia da natureza em Demócrito e Epicuro". Impedido de seguir uma carreira académica, tornou-se, em 1842, redactor-chefe da Gazeta Renana (Rheinische Zeitung), um jornal da província de Colónia; conheceu Friedrich Engels neste mesmo ano, durante a visita deste à redacção do jornal.
Do casamento de Marx com Jenny von Westphalen, nasceram cinco filhos: Franziska, Edgar, Eleanor, Laura e Guido, além de um nado-morto. Ao que consta, Franziska, Edgar e Guido morreram na infância, provavelmente pelas péssimas condições materiais a que a família estava submetida. Marx também teve um filho nascido de sua relação amorosa com a militante socialista e empregada da família, Helena Demuth. Solicitado por Marx, Engels assumiu a paternidade da criança, Frederick Delemuth, e pagando uma pensão, entregou-o a uma família de um bairro proletário de Londres.
No tratamento pessoal — Leando Konder ressalta — Marx foi produto do seu tempo: "Antes de poder contestar a sociedade capitalista Marx pertencia a ela, estava espiritualmente mais enraizado no solo da sua cultura do que admitiria", e que diante dos padrões da Inglaterra vitoriana mostrou: "traços típicos das limitações de seu tempo". Como moças aristocráticas, suas filhas tinham aulas de piano, canto e desenho, mesmo que não tivessem desenvoltura para tais actividades artísticas.
Também em 1843, Marx conheceu a Liga dos Justos (que mais tarde tornar-se-ia Liga dos Comunistas). Em 1844, Friedrich Engels visitou Marx em Paris por alguns dias. A amizade e o trabalho conjunto entre ambos, que se iniciou nesse período, só seria interrompido com a morte de Marx. Na mesma época, Marx também se encontrou com Proudhon, com quem teve discussões polémicas e muitas divergências. Conheceu rapidamente Bakunin, então refugiado do czarismo russo e militante socialista. No seu período em Paris, Marx intensificou os seus estudos sobre economia política, os socialistas utópicos franceses e a história da França, produzindo reflexões que resultaram nos Manuscritos de Paris, mais conhecidos como Manuscritos Económico-Fiosóficos. De acordo com Engels, foi nesse período que Marx aderiu às ideias socialistas.
De Paris, Marx ajudou a editar uma publicação de pequena circulação chamada Vorwärts!, que contestava o regime político alemão da época. Por conta disto, Marx foi expulso da França em 1845 a pedido do governo prussiano. Migrou então para Bruxelas, para onde Engels também viajou. Entre outros escritos, a dupla redigiu na Bélgica, O Manifesto Comunista. Em 1848, Marx foi expulso de Bruxelas pelo governo belga. Junto com Engels, mudou-se para Colónia, onde fundam o jornal Nova Gazeta Renana. Após ataques às autoridades locais publicados no jornal, Marx foi expulso de Colónia em 1849. Até 1848, Marx viveu confortavelmente com a renda oriunda de seus trabalhos, seu salário e presentes de amigos e aliados, além da herança legada por seu pai. Entretanto, em 1849 Marx e sua família enfrentaram grave crise financeira; após superarem dificuldades conseguiram chegar a Paris, mas o governo francês proibiu-os de fixar residência no seu território. Graças, então, a uma campanha de arrecadação de donativos promovida por Ferdinand Lassalle na Alemanha, Marx e família conseguem migrar para Londres, onde fixaram residência definitiva.
Durante a vida de Marx, as suas ideias receberam pouca atenção de outros estudiosos. Talvez o maior interesse se tenha verificado na Rússia, onde, em 1872, foi publicada a primeira tradução do Tomo I do O Capital. Na Alemanha, a teoria de Marx foi ignorada durante bastante tempo, até que em 1879 um alemão estudioso da Economia Política, Adolph Wagner, comentou o trabalho de Marx ao longo de uma obra intitulada Allgemeine oder theoretische Volkswirthschaftslehre. A partir de então, os escritos de Marx começaram a atrair cada vez mais atenção.
Nos primeiros anos após a morte de Marx, a sua teoria obteve crescente influência intelectual e política sobre os movimentos operários (ao final do século XIX, o principal locus de debate da teoria era o Partido Social-Democrata alemão) e, em menor proporção, sobre os círculos académicos ligados às ciências humanas – principalmente na Universidade de Viena e na Universidade de Roma, primeiras instituições académicas a oferecerem cursos voltados para o estudo de Marx.
Marx foi herdeiro da filosofia alemã, considerado ao lado de Kant e Hegel um de seus grandes representantes. Foi um dos maiores (para muitos, o maior) pensadores de todos os tempos, tendo uma produção teórica com a extensão e densidade de um Aristóteles, de quem era um admirador. Como filósofo, posiciona-se muito mais numa supra-filosofia, em que "realizar" a filosofia é antes "aboli-la", ou ao realizá-la, ela e a realidade se transformam na praxis, a união entre teoria e prática.
A teoria marxista é, substancialmente, uma crítica radical das sociedades capitalistas. Mas é uma crítica que não se limita a teoria em si. Marx, aliás, posiciona-se contra qualquer separação drástica entre teoria e prática, entre pensamento e realidade, porque essas dimensões são abstracções mentais (categorias analíticas) que, no plano concreto, real, integram uma mesma totalidade complexa.
O marxismo constitui-se como a concepção materialista da História, longe de qualquer tipo de determinismo, mas compreendendo a predominância da materialidade sobre a ideia, sendo esta possível somente com o desenvolvimento daquela, e a compreensão das coisas no seu movimento, na sua inter-determinação, que é a dialéctica. Portanto, não é possível entender os conceitos marxianos como forças produtivas, capital, entre outros, sem levar em conta o processo histórico, pois não são conceitos abstractos, mas sim uma abstracção do real, tendo como pressuposto que o real é movimento.
Karl Marx compreende o trabalho como actividade fundadora da humanidade. E o trabalho, sendo a centralidade da actividade humana, desenvolve-se socialmente, sendo o homem um ser social. Sendo os homens seres sociais, a História, isto é, suas relações de produção e suas relações sociais fundam todo processo de formação da humanidade. Esta compreensão e concepção do homem é radicalmente revolucionária em todos os sentidos, pois é a partir dela que Marx irá identificar a alienação do trabalho como a alienação fundadora das demais. E com esta base filosófica é que Marx compreende todas as demais ciências, tendo sua compreensão do real influenciado cada dia mais a ciência por sua consistência, e dado um contributo fundamental para a SOCIOLOGIA            .
Encontrando-se deprimido por conta da morte de sua esposa, ocorrida em Dezembro de 1881, Marx desenvolveu, em consequência dos problemas de saúde que suportou ao longo de toda a vida, bronquite e pleurisia, que causaram o seu falecimento em 14 de Março de 1883. Foi enterrado na condição de apátrida, no Cemitério de Highgate, em Londres.

Sem comentários:

Enviar um comentário