segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Às Voltas com a Memória: CHARLES CHAPLIN (n. 16 Abr.1889; m. 25 Dez. 1977)

Sir Charles “Charlie” Spencer Chaplin foi o mais famoso actor dos primeiros momentos do cinema de hollywood, e posteriormente um notável director. Chaplin foi uma das personalidades mais criativas da era do cinema mudo; actuou, dirigiu, escreveu, produziu e eventualmente financiou seus próprios filmes. Chaplin, cujo quociente de inteligência era de 140, foi também um talentoso jogador de xadrez e chegou a enfrentar o campeão americano Samuel Reshevsky. Nasceu em Walworth, Londres, a 16 de Abril de 1889, filho de  Charles e Hannah Harriette Hill, ambos animadores do Music Hall. Os seus pais separaram-se logo após seu nascimento, deixando-o aos cuidados de sua mãe cada vez mais instável emocionalmente.
Em 1896, ela ficou desempregada e não conseguia encontrar outro emprego; Charlie e seu meio-irmão mais velho Sydney tinham de ser deixados  numa casa de trabalho em Lambeth, mudando-se após várias semanas para a Escola Hanwell para Crianças Órfãs e Destituídas. Seu pai faleceu com problemas de vício em bebida quando Charlie estava com 12 anos de idade, e sua mãe ficou com sérios problemas mentais e mais tarde foi admitida no Asilo Cane Hill próximo a Croydon. Ela faleceu em 1928.Chaplin subiu ao palco pela primeira vez aos 5 anos, em 1894, quando representou no Music Hall diante de sua mãe, que lhe ensinou a cantar e representar.
Ainda criança ele esteve de cama por duas semanas devido a uma séria doença quando, à noite, sua mãe sentava-se na janela e representava o que acontecia fora de casa. Em 1900, com 11 anos, ele conseguiu com a ajuda do irmão o papel cômico do gato em uma pantomima, Cinderela no “London Hippodrome”. Em 1903 participou de “Jim, a romance of cockayne”, após o que assumiu seu primeiro trabalho regular, como o entregador de jornal Billy em Sherlock Holmes, um papel que representou até 1906. A este, seguiu-se o Court Circus de Casey, um show de variedades e, no ano seguinte, ele se tornou o palhaço em “Fun Factory” de Fred Karno, Companhia de comédia slapstick. De acordo com registros de imigração, ele chegou na América com o trupe de Karno em 2 de outubro, 1912. Na Companhia de Karno estava Arthur Stanley Jefferson, que se tornaria conhecido e amado como Stan Laurel. Chaplin e Laurel preferiram compartilhar um quarto  numa pensão. A actuação de Chaplin foi eventualmente vista pelo produtor de filmes Mack Sennett, que o contratou para o seu estúdio, o Keystone Film Company. Embora inicialmente Chaplin tivesse dificuldade para se ajustar ao estilo de acção da Keystone filme, ele adaptou-se e floresceu no meio. Isto foi possível, em parte, por Chaplin ter desenvolvido o personagem trampolim dele, eventualmente ganhando o controle de direcção e criação em cima dos filmes dele que o permitiram tornar-se a grande estrela e talento da Keystone. Em 1919, fundou o estúdio United Artists com Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D. W. Griffith. Apesar de filmes falados terem se popularizado em 1927, Chaplin resistiu a usá-los até os anos 1930.
O Grande Ditador (The Great Dictator, 1940) foi o seu primeiro filme com som. Foi, também, uma afronta a Adolf Hitler e ao fascismo que se reinava na época. Foi filmado e lançado nos Estados Unidos um ano antes da entrada do país na Guerra. O papel de Chaplin era duplo: o de Adenoid Hynkel, clara alusão ao nome de Hitler, e de um barbeiro judeu que é cruelmente perseguido pelos nazistas. Hitler era um grande fã de filmes, e sabe-se que ele tenha visto o filme duas vezes (segundo registros de seu cinema particular). Após o descobrimento do Holocausto, Charles revelou que não conseguiria brincar com o regime nazista como brincou no filme se soubesse da extensão do problema.
O posicionamento político de Chaplin sempre pendeu para a esquerda. Vários dos seus filmes seguiram essa tendência, principalmente Tempos Modernos (Modern Times, 1936), que foi uma crítica à situação da classe operária e dos pobres em geral.
Chaplin viajou para a Inglaterra em 1952, mas o seu retorno aos EUA foi proibido pelo Serviço de Imigração, devido a acusações de “atividades não-americanas”, na época do macarthismo. Foi um processo encabeçado por J. Edgar Hoover. Decidiu, então, permanecer na Europa, e foi morar na Suíça. Chegou a retornar aos Estados Unidos em 1972 para receber o seu Oscar, que ganhou duas vezes. O primeiro foi recebido em 16 de Maio de 1929, por The Circus, e o segundo prémio veio 44 anos depois, em 1972, pelo “seu incalculável efeito na indústria do cinema”. Ele viu-se livre de seu exílio e recebeu seu prémio menos de um mês antes da morte de J. Edgar Hoover. Chaplin também foi nomeado sem sucesso para Melhor Filme, Melhor Actor, e Melhor Roteiro Original em O Grande Ditador (The Great Dictator, 1940), e novamente por Melhor Roteiro Original em Monsieur Verdoux, de 1947. Devido às dificuldades de Chaplin com o macarthismo, o filme não estreou em Los Angeles quando foi produzido. Isso só aconteceu em 1972. O seu último filme foi “A Countess from Hong Kong”, de 1967.
Os seus sucessos profissionais tiveram reflexos directos na sua vida pessoal por várias vezes. Em 23 de outubro de 1918, Chaplin casou-se aos 28 anos de idade com Mildred Harris, de 16. Tiveram um filho que morreu ainda bebé. Divorciaram-se em 1920. Aos 35, apaixonou-se por Lita Grey, também de 16 anos, durante as preparações de “The Gold Rush”, casaram-se em 26 de Novembro de 1924, quando ela ficou grávida. Tiveram dois filhos. Divorciaram-se em 1926, enquanto a fortuna de Chaplin chegava a 825 000 Dólares. O stress do divórcio somado com os impostos que não paravam, terminaram por deixar os cabelos de Charles brancos.
Chaplin casou-se secretamente aos 47 anos com Paulette Goddard, de 25, em Junho de 1936. Depois de alguns anos felizes, este casamento também terminou em divórcio, em 1942. Durante este período, Chaplin namorou Joan Barry, actriz de 22 anos. A relação terminou quando Barry começou a perturbá-lo. Em maio de 1943, ela informou a Chaplin que estava grávida, e exigiu que ele assumisse a paternidade. Exames comprovaram que Chaplin não era o pai, mas na época tais testes não tinham muita validade, e ele viu-se forçado a pagar 75 Dólares por semana até que a criança fizesse 21 anos. Depois, conheceu Oona O’Neill, filha do dramaturgo Eugene O’Neill. Casaram-se em 16 de Junho de 1943. Ele tinha 54 anos enquanto ela tinha 17. Este casamento foi longo e feliz, com oito filhos.
Em 4 de Março de 1975, depois de muitos anos de exílio, foi condecorado cavaleiro pela Rainha Elizabeth II. Tal honra foi proposta pela primeira vez em 1956, mas vetada pelo departamento de imigração britânico, já que acreditava-se que Chaplin fosse comunista.
Charles Chaplin morreu aos 88 anos no dia de Natal (25 de Dezembro) de 1977 em Vevey, Suíça em consequência de um derrame cerebral e foi enterrado no Cemitério Corsier-Sur-Vevey em Corsier-Sur-Vevey, Vaud, Suíça. Dois meses depois, a 3 de Março de 1978, ladrões invadiram o cemitério na calada da noite, violaram a sepultura e roubaram o corpo numa sórdida tentativa de extorquir dinheiro à sua família. O plano falhou, os ladrões foram capturados e condenados, o corpo foi recuperado onze semanas depois, no Lago Léman, e novamente enterrado em Corsier-Sur-Vevey. Mas como medida de precaução, a família mandou construir dentro do túmulo, sobre o compartimento do caixão, uma espécie de tampão espesso de 6 pés de largura pesando quase 400 quilos para evitar que o corpo pudesse ser novamente roubado. Há uma famosa estátua de Chaplin em Vevey. Em 1992, um filme sobre a sua vida foi feito, com o título Chaplin, dirigido por Sir Richard Attenborough, com Robert Downey Jr., Dan Aykroyd, Geraldine Chaplin (filha de Chaplin, interpretando sua própria avó), Anthony Hopkins, Milla Jovovich, Moira Kelly, Kevin Kline, Diane Lane, Penelope Ann Miller, Paul Rhys, Marisa Tomei, Nancy Travis, e James Woods.

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