Josef Stalin com Svetlana nos braços, numa fotografia com data e localização desconhecidas |
Morreu a única filha de Stalin, no anonimato e na pobreza
Svetlana Stalina, a eterna prisioneira do nome do seu pai, que renunciou aos seus valores e se entregou ao capitalismo, morreu aos 85 anos, vítima de cancro do cólon, no condado de Richland, no estado norte-americano do Wisconsin.
A informação foi avançada na segunda-feira por Benjamin Southwick, cônsul do condado de Richland, que comunicou que Lana Peters, como era conhecida, morreu no dia 22 de Novembro.
A sua morte, tal como os seus últimos anos de vida, aconteceram longe dos olhares públicos. Svetlana Stalina mudara de nome e de vida. Várias vezes.
A princesa do Kremlin fugiu para a Índia, Inglaterra, França, abraçou os valores capitalistas, refugiou-se nos Estados Unidos, voltou à Rússia e fixou-se, de novo, nos Estados Unidos.
Nasceu Svetlana Stalina, com a morte do pai passou a ser Svetlana Alliluyeva. Nos Estados Unidos adoptou o pseudónimo Lana Peters, renunciou aos valores do pai, renegou as suas raízes, a sua família e morreu longe das câmaras, que a seguiram desde o seu nascimento, em 1926 em Moscovo.
Admitiu ser impossível viver sem "Deus no coração" e pôs em causa as ideologias políticas. Para ela não existiam comunistas ou capitalistas, apenas pessoas boas e más.
Morreu na terça-feira passada, na pobreza e no anonimato, no condado de Richland, no meio do vazio das explorações agrícolas, vítima de cancro do cólon, informa o New York Times.
"Onde quer que eu vá, serei sempre uma prisioneira política do nome do meu pai. Depois da morte do seu pai, em 1953, que governou a Rússia durante 29 anos, foi despojada dos seus direitos, por Nikita Kruschev. Perdeu a sua fortuna e disse, várias vezes, sentir-se escrava do seu passado. Foi, durante anos, acompanhante do pai em festas e recepções.
Escreveu duas autobiografias. Teve mais três irmãos rapazes e foi a menina do pai, que a cobriu de atenção. Chegou a oferecer-lhe filmes americanos.
Viveu os primeiros anos da sua vida alheada das circunstâncias em que tinha nascido, entre as almofadas do Kremlin, afastada da repressão do pai e do holocausto na Ucrânia.
Svetlana Stalina, numa conferência de imprensa em Nova Iorque, em 1967
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Segundo escreveu em 1992 o Washington Times foi alvo de uma tentativa de homicídio pelo KGB, nos anos 60.
Tinha fama de não estar 2 anos no mesmo sítio
Em 1970, três anos depois de ter chegado a Nova Iorque, conheceu William Wesley Peters, discípulo do arquitecto Frank Lloyd Wright. Casaram-se e mudaram-se para uma casa desenhada pelo arquitecto de Scottsdale, no Arizona.
Tiveram uma filha e divorciaram-se, como era habitual nos casamentos de Svetlana. Foi o quarto divórcio da única filha de Stalin, que já havia contraído matrimónio duas vezes na Rússia e uma terceira com um comunista indiano.
Em 1978, naturalizou-se norte-americana, queimou em público o passaporte russo e mudou de nome.
Mudou-se, entretanto, para Inglaterra e depois regressou à Rússia, onde recuperou o seu passaporte, mas não encontrou o reconhecimento que esperava.
Voltou a refugiar-se nos Estados Unidos, desta vez na Geórgia, em 1986.
Já em Wisconsin, disse-se incompreendida. Afastou-se dos meios de comunicação, passou a viver na pobreza, com a ajuda de uma filha, cientista a trabalhar na Sibéria.
Passou os últimos anos da sua vida numa enfermaria de Richland. Deu a última entrevista em Abril do ano passado ao Wisconsin State Journal. Disse dedicar-se à costura e à leitura, em detrimento da televisão.
Quando ao pai, limitou-se a referir: "Ele destruiu a minha vida." "Onde quer que eu vá", disse, "aqui, na Suíça, Índia, em qualquer lado. Austrália. Em qualquer ilha. Eu serei sempre uma prisioneira política do nome do meu pai."
Fonte: SAPO Notícias
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