Consumo Per Capita
O consumo de álcool e de bebidas alcoólicas é medido, ao nível populacional, em termos de consumo per capita. O seu cálculo é baseado na totalidade de bebidas alcoólicas consumidas em Portugal, que é estimado com base nas estatísticas de produção e nas vendas de diferentes bebidas alcoólicas, tendo em conta as exportações e importações. Este cálculo não inclui a produção doméstica de bebidas alcoólicas que, como se sabe, é muito elevada no nosso país, nem tem em conta os produtores de vinho existentes e não declarados, ou seja, a produção ilegal de outras bebidas que não o vinho, as bebidas trazidas pelos turistas, as bebidas consumidas por turistas principalmente no Algarve e zonas de maior fluxo turístico, como também não entra em linha de conta, com as bebidas alcoólicas que são compradas, armazenadas e não consumidas. Por isso, o consumo per capita fornece-nos uma estimativa do consumo e não o consumo exacto actual.
O consumo per capita resulta da divisão da quantidade total de álcool etílico consumido por estimativa pela totalidade da população com mais de 15 anos. Este cálculo atribui, assim, um consumo médio a cada português, independentemente do seu consumo actual de bebidas alcoólicas e, por consequência, de álcool puro.
Apesar do consumo per capita oferecer uma estimativa aproximada da quantidade total de álcool consumido, são necessários novos dados, novos inquéritos, que permitam ligar dados de consumo a outros de ordem sócio demográfica e de consumo, ao nível individual.
Segundo dados de 2002, o consumo médio per capita dos então doze países da União Europeia, situava-se acima dos oito litros de álcool puro por ano.
Em Portugal, o consumo per capita é dos mais elevados do mundo, tendo-se situado, em 2000, em 10,8 L de álcool puro, sendo assim o segundo consumidor mundial.
Desde 1970 registou-se um aumento de 10% no consumo de etanol. Atingiu-se o quarto lugar mundial, com 50 L por habitante, em 2000, no que diz respeito ao consumo de vinho, quando por exemplo, em 1970, o consumo era de 72,5 L. O consumo de cerveja tem vindo a aumentar vertiginosamente, com um incremento superior a 390% entre 1970 e 2000; cada português consumiu, neste último ano, 65,3 L de cerveja. O consumo de bebidas destiladas situou-se, neste mesmo ano, acima de 1 L de etanol, tendo aumentado cerca de 180%, entre 1970 e 2000. Mais uma vez se salienta o facto de que a capitação de vinho e de bebidas destiladas se encontra subestimada em virtude de existir muita produção não declarada destas bebidas e, portanto, sem integração nas estatísticas oficiais.
À semelhança do que vem acontecendo noutros países, também em Portugal os hábitos tradicionais de consumo de bebidas alcoólicas parece ter sofrido, nos últimos anos, alterações significativas, destacando-se as seguintes tendências:
- Aumento substancial do consumo de cerveja
- Aumento crescente no consumo de bebidas alcoólicas pela mulher
- Aumento crescente de bebidas alcoólicas pelos jovens
- Aumento significativo no consumo de bebidas destiladas (aperitivos, whisky, licores, cocktails, etc,)
- Internacionalização e uniformização dos hábitos de beber
- Aumento no consumo de novas bebidas (sumos com álcool, Redbull com vodka, shots, etc,)
A alcoolização geral da população é uma realidade. Segundo um estudo de Aires Gameiro, em 1987, cerca de um milhão e setecentos mil portugueses são consumidores excessivos e doentes alcoólicos crónicos. Um estudo realizado no âmbito do Programa CINDI, Setúbal 1987, cerca de 12% dos indivíduos inquiridos apresentavam dependência alcoólica e/ou graves problemas com o álcool, e 13% tinham tido pelo menos um problema com o álcool. Um outro estudo apresentado pelo Centro Regional de Alcoologia de Coimbra, em Janeiro de 1997, apresentava os seguintes resultados:
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