quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A Minha Tese: Percursos e Representações sobre o Consumo Excessivo de Álcool: Um Estudo Exploratório na Grande Área de Lisboa - INTRODUÇÃO

O fenómeno do alcoolismo e todas as suas implicações é transversal à sociedade actual. O consumo de álcool está cada vez mais a tornar-se um tema cuja abordagem multidisciplinar, que não apenas a perspectiva médica ou económica, é requerida. Neste domínio, cabe à sociologia um papel de destaque no seu estudo e compreensão.
Uma vez admitido que o consumo abusivo de álcool tem a ver com o comportamento humano, ele pode, enquanto comportamento, ser estudado com o auxílio de todos os princípios que caracterizam o comportamento humano em geral e os conhecimentos acumulados pelas ciências sociais, em particular.
Cabe à sociologia investigar os variados modos como as acções dos homens são condicionadas por relações estabelecidas ao nível de grupos, organizações em que se inserem e cujas características elas próprias produzem e reproduzem (e transformam): as famílias, os círculos de vizinhança, as colectividades locais, os meios profissionais, os aparelhos institucionais, os Estados, as sociedades – nações, etc.
Segundo Hill e Hill[1], o investigador deve escolher um tema pelo qual tenha particular interesse, uma vez que vai gastar muita energia com o trabalho de investigação que vai desenvolver e é natural que, no decurso da investigação, se verifiquem períodos em que tudo parece correr mal, surjam problemas e frustrações. Se não houver muito interesse pelo tema escolhido, pode acontecer o desânimo, a falta de motivação e o comprometimento irremediável do trabalho.
A escolha do tema tem, como é óbvio, um natural e permanente, mas motivante desdobramento, em atenção ao legado de Durkheim, segundo o qual o homem não pode viver no meio das coisas sem fazer delas ideias, segundo as quais regula o seu comportamento. Esse envolvimento exige uma permanente ruptura do investigador, submetendo as suas hipóteses à investigação empírica. Essas coisas que Durkheim apelidou de “produtos da experiência vulgar” formadas fora da ciência em função de necessidades que nada têm de científico, são indutoras de uma perniciosa “ilusão de transparência, de familiaridade com o social”.
Neste trabalho abordarei o percurso de vida que leva os indivíduos a tornarem-se consumidores excessivos de álcool, levando-os muitas vezes a situações de exclusão social e afastamento perante a sociedade.
Não importando à sociologia um conhecimento decalcado do senso comum, mas pelo contrário, interessa, sobretudo, compreender os mecanismos sociais que o produzem.
Para uma melhor compreensão, optei por dividir este trabalho em seis grandes blocos. Na Parte I, faço todo o enquadramento teórico, partindo da história e aparecimento do álcool, aos consumos excessivos. Faço o enquadramento da relação contexto / indivíduo / substância, e acabo por falar das repercussões sociais causadas por estes indivíduos consumidores excessivos de álcool.
A Parte II do trabalho, faz todo o enquadramento metodológico, desde o objectivo do estudo, definição da problemática, as hipóteses, o modelo de análise e finalmente os conceitos, revisitando os “velhos” e “novos” conceitos sobre o alcoolismo.
Guardei para a Parte III do trabalho, a metodologia e técnicas de pesquisa utilizadas, essencialmente as entrevistas exploratórias e a orientação metodológica, para na Parte IV, fazer a caracterização da área de Intervenção, onde enquadro as três unidades em estudo (CRAS - Centro Regional de Alcoologia do Sul, Hospital Miguel Bombarda e Casa de Saúde do Telhal).
A Parte V, é dedicada ao enquadramento estatístico do consumo de álcool, no mundo, na Europa e finalmente em Portugal, para acabar por falar do consumo Per Capita, ao longo dos anos.
Finalmente a Parte VI, enquadra um Estudo de Caso, sobre os percursos e representações de consumidores excessivos de álcool, tendo sido realizadas nove entrevistas nas três unidades atrás referenciadas, fazendo a análise das mesmas e respectivas conclusões.
Seguem-se como é normal a bibliografia e os anexos utilizados para a realização deste trabalho.


[1] HILL, M. Manuela, HILL, Andrew, (2002), Investigação por Questionário, Lisboa, Edições Silabo, p.23

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