Vítor Manuel Afonso Damas de Oliveira, nasceu a 8 de Outubro de 1947, em Lisboa. Foi o eterno nº1, foi um dos melhores guarda-redes portugueses de sempre e talvez o melhor guarda-redes de sempre do Sporting. Começou a jogar aos 14 anos e só abandonou os relvados aos 41 anos. Era extremamente elegante na baliza, tudo nele era agilidade, intuição e espectáculo. A isso aliava uns reflexos fantásticos e uma habilidade fora do comum, nos guarda-redes, para jogar com os pés. Ainda é recordista de jogos pelo Sporting, ao ter vestido por 743 vezes a camisola leonina!
Vítor Damas entrou para o Sporting aos 14 anos através de um vizinho que jogava ténis de mesa. Queria ser avançado, mas como era o mais pequeno teve que ir para a baliza de onde nunca mais saiu. O seu primeiro grande jogo foi contra o Benfica nos juvenis. O jogo não lhe correu bem, como o próprio admitiu: “Nos dias anteriores todo eu era uma pilha! Quando entrei no rectângulo o estádio parecia um mundo. Veio o primeiro remate e saltei à gato para recolher o esférico, mas passou-me por baixo da barriga. Felizmente que a bola embateu no poste e ressaltou para fora. Todavia, o meu nervosismo originou dois golos para os encarnados e, ao segundo, não pude mais. Saí debulhado em lágrimas, sentindo o peso do fracasso, para mim de dimensões imensuráveis. Porém, no ano seguinte, em 1962, já tinha vencido essas debilidades psicológicas, tudo nos correu bem e o Sporting alcançou o título nacional, vencendo, em Leiria, a Académica de forma concludente, por 5-1. Era o meu primeiro título nacional”.
Aos 17 anos assinou o primeiro contrato profissional (20 contos de “luvas” e mais 5 de salário) e, aos 19, assumiu-se como séria alternativa ao histórico Carvalho.
Em 1967, fez o primeiro jogo para o Campeonato Nacional da I Divisão, frente ao Porto, sofrendo dois golos. Passou novamente para suplente de Carvalho. Quando faltavam seis jornadas para o final do Campeonato agarrou a titularidade e não mais a largou. Histórico foi, também, o dia 18 de Setembro de 1968, não pela vitória por 4-0 frente ao Valência, mas sim porque foi o dia em que Damas se estreou na Europa.
Em 1969, estreou-se pela Selecção Nacional, com apenas 21 anos, frente ao México.
Para se ter a noção da importância de Damas, na baliza leonina, o jornalista de A Bola, Carlos Pinhão, escreveu uma vez em manchete: “Chama-se Damas, o Eusébio do Sporting”. Foram várias as histórias nos duelos entre as duas figuras do futebol português, mas há três que sobressaem claramente: a primeira, em 9 de Novembro de 1969 (1-0 para o Sporting em Alvalade), quando Eusébio cabeceou por cima de Damas e este, numa estirada prodigiosa para canto, suscitou um clamor da multidão; a segunda em 2 de Dezembro de 1973 (2-0 para o Benfica na Luz), quando Damas julgou que a barra tivesse devolvido um poderoso livre de Eusébio que, nessa altura, já festejava o golo, depois de a bola, isso sim, ter batido com precisão no ferro de dentro da baliza e ressaltado para as mãos do nº 1 leonino. A terceira, um remate de Eusébio que Damas defende de forma brilhante, Eusébio remata outra vez e Damas como um verdadeiro gato levanta-se e desvia a bola para canto. O Pantera Negra até o foi beijar.
A propósito do primeiro lance, Augusto Inácio estava em Alvalade nesse dia: “Ainda era miúdo, tinha 12/13 anos e vi Damas fazer uma espectacular defesa com um golpe de rins a remate de Eusébio. Ao longo da minha carreira, nunca vi nada igual. Foi uma defesa impossível que colocou o estádio em delírio. Como grande senhor, Eusébio cumprimentou o Damas logo a seguir”.
Aos 17 anos assinou o primeiro contrato profissional (20 contos de “luvas” e mais 5 de salário) e, aos 19, assumiu-se como séria alternativa ao histórico Carvalho.
Em 1967, fez o primeiro jogo para o Campeonato Nacional da I Divisão, frente ao Porto, sofrendo dois golos. Passou novamente para suplente de Carvalho. Quando faltavam seis jornadas para o final do Campeonato agarrou a titularidade e não mais a largou. Histórico foi, também, o dia 18 de Setembro de 1968, não pela vitória por 4-0 frente ao Valência, mas sim porque foi o dia em que Damas se estreou na Europa.
Em 1969, estreou-se pela Selecção Nacional, com apenas 21 anos, frente ao México.
Para se ter a noção da importância de Damas, na baliza leonina, o jornalista de A Bola, Carlos Pinhão, escreveu uma vez em manchete: “Chama-se Damas, o Eusébio do Sporting”. Foram várias as histórias nos duelos entre as duas figuras do futebol português, mas há três que sobressaem claramente: a primeira, em 9 de Novembro de 1969 (1-0 para o Sporting em Alvalade), quando Eusébio cabeceou por cima de Damas e este, numa estirada prodigiosa para canto, suscitou um clamor da multidão; a segunda em 2 de Dezembro de 1973 (2-0 para o Benfica na Luz), quando Damas julgou que a barra tivesse devolvido um poderoso livre de Eusébio que, nessa altura, já festejava o golo, depois de a bola, isso sim, ter batido com precisão no ferro de dentro da baliza e ressaltado para as mãos do nº 1 leonino. A terceira, um remate de Eusébio que Damas defende de forma brilhante, Eusébio remata outra vez e Damas como um verdadeiro gato levanta-se e desvia a bola para canto. O Pantera Negra até o foi beijar.
A propósito do primeiro lance, Augusto Inácio estava em Alvalade nesse dia: “Ainda era miúdo, tinha 12/13 anos e vi Damas fazer uma espectacular defesa com um golpe de rins a remate de Eusébio. Ao longo da minha carreira, nunca vi nada igual. Foi uma defesa impossível que colocou o estádio em delírio. Como grande senhor, Eusébio cumprimentou o Damas logo a seguir”.
Acrescente-se que essa defesa mereceu elogios, ao ponto de a compararem àquela do inglês Gordon Banks a cabeceamento de Pelé, em pleno Mundial 70, que entrou para a história como a mais espectacular de sempre.
Por falar em Mundial 70 recue-se a esse ano, ao dia 27 de Dezembro, em que o Sporting foi humilhado na Luz (5-1). O lateral esquerdo desse jogo, Hilário, recorda que “Damas foi eleito o melhor em campo. Sem ele na baliza, tínhamos levado muitos mais golos. Nesse dia, ele sofreu cinco golos, mas fez milagres para evitar outros tantos”. O lateral direito desse dia, Pedro Gomes disse que: “Nesse jogo com o Benfica, foi ele quem evitou um resultado ainda mais dilatado, ao ponto de ter sido eleito o melhor em campo. Pouco há a dizer quando se perde por 5-1 e quem é elogiado é o guarda-redes”.
Damas confirmou ao longo dos anos o enorme guarda-redes que era, devido à sua elasticidade e reflexos apuradíssimos. O seu grande defeito? A irreverência e o facto de detestar perder, como aponta Pedro Gomes: “Conheci-o bem e ele detestava perder. Até empatar! Uma vez, empatámos com a Académica (4-4, a 20 de Janeiro de 1985), em Alvalade, e ele chegou ao balneário a dizer que não queria jogar mais. Era um jogador inconstante quando as coisas não corriam bem à equipa. Tinha receio de ser cúmplice. Alguns minutos depois, falei calmamente com ele e já estava tudo bem. Foi uma irritação do momento”.
Damas confirmou ao longo dos anos o enorme guarda-redes que era, devido à sua elasticidade e reflexos apuradíssimos. O seu grande defeito? A irreverência e o facto de detestar perder, como aponta Pedro Gomes: “Conheci-o bem e ele detestava perder. Até empatar! Uma vez, empatámos com a Académica (4-4, a 20 de Janeiro de 1985), em Alvalade, e ele chegou ao balneário a dizer que não queria jogar mais. Era um jogador inconstante quando as coisas não corriam bem à equipa. Tinha receio de ser cúmplice. Alguns minutos depois, falei calmamente com ele e já estava tudo bem. Foi uma irritação do momento”.
O central Venâncio recordou esta faceta de Damas: “Foi um monstro na baliza. Toda a gente o conhecia e o admirava. Tive o prazer de jogar com ele muitos anos e, ao início, ficava assustado quando o via a sair da baliza em direcção a nós, defesas, para nos ralhar, a trincar a língua de raiva. Mas depois habituei-me”.
A 3 de Novembro de 1971, Damas realizou uma das mais fantásticas exibições de um guarda-redes português em provas da UEFA, curiosamente numa fase em que estava a atravessar um momento menos bom de forma. O Sporting tinha perdido 3-2 em Glasgow frente ao Rangers e, aos 90 minutos, em Lisboa, vencia por 3-2. No prolongamento, um golo para cada lado colocou o resultado em 4-3. Os regulamentos diziam que os golos marcados no prolongamento valiam como se fossem marcados no tempo regulamentar, ou seja, valiam mais para a equipa visitante. O árbitro Van Ravens não se recordou desse pormenor e ordenou a marcação de grandes penalidades. Damas defendeu 3 (!) (a 2ª das quais por 2 vezes, por se ter mexido antes do tempo!), o que no fim acabou por ser inútil. Mas, fica para a história essa exibição memorável.
No ano seguinte, a 27 de Setembro de 1972, Damas conheceu o lado oposto. O Sporting foi derrotado por 6-1, na Escócia, frente ao Hibernians. A defesa leonina esteve muito mal, Damas incluído. Este foi apontado a dedo como principal responsável pela derrota pelo técnico Ronnie Allen: “Damas teve culpa em 3 golos, Damas é o culpado por esta eliminação”. O que é certo é que na temporada seguinte, Damas continuava titular da baliza leonina, ao passo que Ronnie Allen saiu do Sporting.
No ano seguinte, a 27 de Setembro de 1972, Damas conheceu o lado oposto. O Sporting foi derrotado por 6-1, na Escócia, frente ao Hibernians. A defesa leonina esteve muito mal, Damas incluído. Este foi apontado a dedo como principal responsável pela derrota pelo técnico Ronnie Allen: “Damas teve culpa em 3 golos, Damas é o culpado por esta eliminação”. O que é certo é que na temporada seguinte, Damas continuava titular da baliza leonina, ao passo que Ronnie Allen saiu do Sporting.
No dia 18 de Setembro de 1974, o Sporting foi jogar a St. Étienne e perdeu por 2-0. A época corria mal, com a equipa afectada psicologicamente pelos problemas de inscrição de Di Stefano como treinador e esse nervosismo foi evidente. No primeiro golo dos franceses, aos 15 minutos, Alhinho teve uma falha clamorosa. Damas exaltou-se de tal maneira com o central que quase chegaram a vias de facto. As exibições históricas de Damas voltaram depois, tendo como exemplo, o mês de Novembro do mesmo ano, quando Portugal foi jogar a Wembley. Os ingleses diziam que seriam mais de 5 e Portugal foi mesmo massacrado, mas Damas com uma fantástica exibição garantiu que o resultado ficasse em 0-0. Um ano depois, novo episódio curioso. Numa noite de nevoeiro, nas Antas (18 de Outubro de 1975), Gomes atira a bola às malhas laterais de Damas. Um apanha-bolas aproveita a desorientação geral e coloca-a dentro da baliza. O golo foi validado, mas o Sporting acabou por vencer por 3-2.
Em 1976, Damas sai do Sporting. Fala-se num contrato assinado com o FC Porto, de Pedroto, o que faz com que seja doentiamente assobiado no último jogo do Campeonato, mas Damas vai para Espanha representar o Racing Santander durante 4 épocas (1976/77 a 1979/80). Regressa a Portugal em 1980 para representar o Guimarães de…Pedroto, ficando no clube por 2 anos rumando, depois ao Portimonense jogando lá por mais 2 anos. É convocado para o Euro 84 onde é suplente de Bento, o outro grande guarda-redes da sua geração. Em 1984 regressa ao Sporting já com 36 anos, para vencer apenas uma Supertaça.
No ano de 1986, retira-se da selecção contabilizando 2 presenças no Mundial 86, no México.
Na época de 1987/88, Damas vinha a perder lugar para o jovem Rui Correia. A 3 de Novembro de 1987, o técnico Keith Burkinshaw devolveu-lhe a titularidade na 2ª mão da 2ª eliminatória da Taça das Taças, frente ao Kalmar (5-0). No final, ironia de Damas: “Não estou ao serviço do senhor Burkinshaw nem me estou a servir a mim próprio, sirvo apenas o Sporting Clube de Portugal. Suplente? Nem sempre fui suplente, cheguei até a ser terceiro guarda-redes...”.
O seu último jogo, com 41 anos de idade, foi a 27 de Novembro de 1988, a contar para o Campeonato Nacional da I Divisão, no Estádio do Fontelo, em Viseu, contra o Académico local. A prtida terminou empata 2-2.
Vítor Damas terminou desta forma a carreira, sendo convidado pelo presidente Jorge Gonçalves para adjunto de Pedro Rocha. Passou a técnico principal em Fevereiro de 1989, para regressar a treinador-adjunto. Na época seguinte teria que assegurar, mais uma vez, o comando da equipa durante a troca de treinador. Foi treinador dos guarda-redes do plantel sénior até 1999, altura em que passou a treinador principal do então clube-satélite, Lourinhanense. Treinou a equipa B do Sporting em 2001, saindo no final da época.
No dia 6 de Abril de 2003, o Sporting homenageou Damas no início do jogo Sporting – Vitória Guimarães. Uma homenagem emotiva para todos os presentes, na qual se proferiu um discurso (do qual apresento só uma parte): “Este é um momento muito especial. Temos entre nós Vítor Damas, uma figura inesquecível do Sporting, um guarda-redes que fez história no futebol português, um atleta que deixou a sua marca gravada para sempre na memória de quem teve a sorte de o ver actuar. Vítor Damas começou a jogar aos 14 anos no Sporting e só abandonou as balizas aos 41. (…) Como guarda-redes, Vítor Damas foi um atleta único. A sua elegância, a sua eficácia, os seus reflexos fantásticos permitiram-lhe criar um estilo irrepetível que arrebatou multidões e ajudou gerações a gostarem ainda mais de futebol e do Sporting. Vítor Damas, na baliza, era um espectáculo dentro do maior espectáculo do Mundo! Vestir 743 vezes a camisola do Sporting é um feito único. Alcançá-lo com a qualidade, a dignidade, a dedicação e o orgulho com que o fez Vítor Damas é um enorme motivo de admiração e gratidão de todos os sportinguistas”.
Pouco tempo antes de morrer, Damas disse ao jornal Sporting que queria “estar presente na inauguração do novo Estádio e se isso acontecer posso morrer feliz”. Pode-se dizer, então, que Vítor Damas morreu feliz. Não resistiu a doença prolongada e faleceu a 13 de Setembro de 2003, com 55 anos, na véspera de um Sporting – Nacional. Curiosamente, Vítor Damas, que pertencia ao painel de apostadores do jornal Expresso, previra 2-0 para o Sporting e acertou!
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