A lenda do cinema Clint Eastwood completa 90 anos no domingo mas não pensa na reforma. O ator que se tornou um realizador consagrado, vencedor de quatro estatuetas nos Óscares, e que nos últimos 10 anos lançou nove filmes, mantém-se entusiasmado com o trabalho.
Eastwood tem uma carreira de sete décadas, com mais de 50 filmes, o mais recente deles O Caso Richard Jewell, estreou em janeiro em Portugal. O filme recebeu apreciações mistas e foi alvo de algumas críticas por mostrar uma jornalista que trocava sexo por segredos do FBI.
Mas a carreira de Eastwood resistiu a outras polémicas, desde as acusações de violência excessiva nos western spaghetti em que participou como ator, de fascismo em Dirty Harry e belicismo em American Sniper, até à sua representação do racismo em Gran Torino.
Além dos Óscares recebidos por Imperdoável e Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos, e da Palma de Ouro do Festival de Cannes pelo conjunto de sua carreira, o catálogo de Eastwood também contém alguns fracassos, massacrados pela crítica.
Conhecido em Hollywood como um homem educado, mas relutante em conversar sobre a sua vida pessoal, Eastwood insinuou que estaria a trabalhar em alguns projetos futuros, mas não tinha confirmado nenhum plano antes da pandemia de covid-19 paralisar todas as produções em março.
Numa entrevista em janeiro, Eastwood afirmou ao canal britânico ITV que ainda tem muito prazer a trabalhar: "Gosto de fazer isto, é bom poder ter um emprego remunerado", declarou. "Gosto de estar em filmes, gosto de fazer filmes. Comecei a realizar filmes porque pensei que um dia iria olhar para o ecrã e dizer: 'Já basta Eastwood, é melhor fazeres outra coisa'".
Mas afinal isso não aconteceu. Apesar de ter anunciado que deixaria de representar depois de Gran Torino em 2008, Eastwood voltou a aparecer em frente das câmaras quatro anos depois em As Curvas da Vida e, em 2018, em Correio de Droga.
Noutras entrevistas, Clint Eastwood disse que não entende por que é que cineastas tão importantes com Billy Wilder e Frank Capra se retiraram tão cedo e expressou o desejo de continuar a trabalhar enquanto tiver projetos interessantes.
"Ele é bastante imprevisível", disse Tim Gray, da revista Variety. "Tenho a sensação de que agora faz apenas o que deseja fazer".
Além de continuar a supervisionar as atividades de sua produtora, Malpaso, Eastwood, que foi presidente da câmara de Carmel (1986-88), continua ativo politicamente: apoiou nos últimos meses a fracassada campanha de Michael Bloomberg à presidência.
Na verdade, Eastwood não é muito fã dos aniversários. "Faremos algo familiar, muito, muito tranquilo", afirmou seu filho Scott, 34 anos e também ator, ao Access Hollywood. Mas com oito filhos e muitos netos, Eastwood certamente será muito celebrado no domingo: "Ele odeia aniversários", afirmou sua filha Alison à revista Closer no ano passado. "Acho que ele só quer trabalhar e aproveitar a vida, mas não acredito que queira celebrar... Então veremos".