António Maria da Silva nasceu em Lisboa em 15 de Agosto de 1886, no seio de uma família modesta. Começou a trabalhar cedo, como marçano, aprendiz de empregado de balcão, e aos 16 anos já mostrava um desejo em ser actor, pois assistia a todas as peças que passavam no Teatro D. Amélia, na Rua do Tesouro Velho, o actual Teatro São Luiz.
Trabalhou como empregado de comércio e tirou o curso comercial. Foi também bombeiro voluntário da Ajuda, chegando a ser comandante da corporação. A ligação ao cinema deu-se quando António Silva integrou o grupo Fitas Faladas, que dobrava filmes mudos passados no Salão Ideal, na Rua do Loreto, ao Camões.
Estreia-se no Teatro da Rua dos Condes, com a companhia de Alves Costa, na peça “O Novo Cristo”, de Tolstoi, em 1910. Parte em “tournée” para o Brasil em 1913, país onde se estreia no cinema, participando nos filmes “Convém Martelar” e “Coração Gaúcho”, em 1920. Casa-se com Josefina Marco, filha do cantor italiano Giuseppe Paccini e de Guilhermina Marco, nesse mesmo ano. Fica no Brasil até 1921. Ao regressar, integra a Companhia Luísa Satanela-Estevão Amarante até 1928, assumindo sempre papéis de pouco destaque, à excepção do que representou na revista “Água-Pé”, a sua primeira experiência no teatro de revista, que lhe granjeou algum sucesso. Até 1932 vai fazendo várias revistas no Teatro Variedades e no Maria Vitória.
Em 1933, António Silva interpretou o alfaiate Caetano, na “Canção de Lisboa”, de Cottinelli Telmo, o seu primeiro filme em Portugal e que o tornou bastante popular junto do público. Passa a primeira figura de cartaz nas peças em que participa, pisando o palco lisboeta com o teatro de revista. Fez uma dupla de sucesso com o seu parceiro de cena, Vasco Santana, especialmente em “Senhora da Atalaia” e “Alto Lá com o Charuto!”. António Silva trabalhava muito com as mãos, transmitindo uma graça e comicidade que só as palavras não seriam capazes de transmitir.
Em 1944 ganhou o prémio “Actor do Ano”, do SNI (Secretariado Nacional de Informação), pelo seu desempenho em “A Menina da Rádio”. É nesse ano que faz a sua entrada para a companhia de António e Francisco Lopes Ribeiro, Comediantes de Lisboa, no Teatro da Trindade. Ficou na companhia apenas nas duas primeiras temporadas. Com eles representou todas as peças que levaram ao palco até 1946. Deu provas do seu enorme talento com o papel de Doolitle, em 1945, na peça “O Pigmaleão”, de Bernard Shaw. Em 1950 formou uma sociedade artística que explorou o Teatro Apolo durante dois anos, em que participaram actores como Irene Isidro, Laura Alves, Ribeirinho, Barroso Lopes e Carlos Alves. Trabalhou com Leitão de Barros, Jorge Brum do Canto, António Lopes Ribeiro, Arthur Duarte e Perdigão Queiroga, alguns dos realizadores com quem se cruzou durante mais de 30 anos de cinema.
As suas últimas aparições foram na Revista “Adão e Elas” e no filme “Sarilho de Fraldas”, de Constantino Esteves, ambas em 1966. António Silva morria aos 85 anos de idade, a 3 de Março de 1971.
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